

Não sei de que cor são os navios quando naufragam no meio dos teus braços sei que há um corpo nunca encontrado algures e que esse corpo vivo é o teu corpo imaterial a tua promessa nos mastros de todos os veleiros a ilha perfumada das tuas pernas o teu ventre de conchas e corais a gruta onde me esperas com teus lábios de espuma e de salsugem os teus naufrágios e a grande equação do vento e da viagem onde o acaso floresce com seus espelhos seus indícios de rosa e descoberta. Não sei de que cor é essa linha onde se cruza a lua e a mastreação mas sei que em cada rua há uma esquina uma abertura entre a rotina e a maravilha há uma hora de fogo para o azul a hora em que te encontro e não te encontro há um ângulo ao contrário uma geometria mágica onde tudo pode ser possível Fragmento de Coração polar, de Manuel Alegre y dedicado a mis amigos y seguidores de habla portuguesa